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domingo, 9 de março de 2014

DAMÁZIO, M. F. M.; FERREIRA, J. Educação Escolar de Pessoas com Surdez-Atendimento Educacional Especializado em Construção. Revista Inclusão: Brasília: MEC, V.5, 2010. p.46-57.
A política de educação no Brasil vem tecendo fios direcionais que possibilitam uma nova política de Educação Especial na perspectiva inclusiva, principalmente para pessoas com surdez Neste texto os autores trazem o embate linguístico entre gestualista e oralista e afirmam que,  enquanto as discussões na educação das pessoas com surdez centram numa língua ou outra, o seu potencial individual e coletivo não é desenvolvido.  Para os autores,


“[...] por mais que as políticas estejam já definidas, muitas questões e desafios ainda estão para ser discutidos, muitas propostas, principalmente no espaço escolar, precisam ser revistas e algumas tomadas de posição e bases epistemológicas precisam ficar mais claras” e que, “[...] as práticas de ensino [...] apresentem caminhos consistente e produtivos para educação de pessoas com surdez” (DAMÁZIO e FERREIRA, 2010, p. 47).


Para os autores, a educação das pessoas com surdez não pode continuar centrado nessa ou naquela língua, “[...] e que o foco do fracasso escolar não está só nessa questão, mas também na qualidade e na eficiência das práticas pedagógicas” (p. 48) e destacam a presença da pessoa com surdez no processo.
A proposta é que possamos interpretar a pessoa com surdez “[...] à luz do pensamento pós-moderno, como ser humano descentrado, por acreditar no corpo biológico, não em sua parte com a deficiência, mas nas outras que dão à pessoa potencialidade”. Concebem a pessoa com surdez sendo um ser “[...] biopsicossocial, cognitivo, cultural, não somente na constituição de sua subjetividade, mas também na forma de aquisição e produção de conhecimentos (p.48), certos de que ao serem estimuladas, tornar-se-ão sujeitos constituídos de várias linguagens, com potencial para adquirir e desenvolver os processos visuais-gestuais, ler e escrever as línguas do seu entorno, e se desejar  até falar (Damázio e Ferreira, 2010). Eles afirmam que:“[...] pensar e construir uma prática pedagógica que se volte para o desenvolvimento das potencialidades das pessoas com surdez, na escola, é fazer com que essa instituição esteja imersa nesse emaranhado de redes sociais, culturais e de saberes”( 2010, p.49)
Quando rompem com a dicotomia entre oralistas e gestualistas, os autores colocam em cena a pessoa com surdez na concepção pós-moderna e propõem a tendência bilíngue “[...] como um território que se desterritorializa a clausura dessa pessoa, sob a ótica multicultural (p.49), deslocam o lugar especificamente linguístico, tratando com outros contornos”. Segundo os autores, para além de uma língua, as pessoas com surdez precisam de ambientes educacionais estimuladores, que desafiem o pensamento e exercitem a capacidade perceptivo-cognitiva e que o ambiente seja em especial, a escola comum (2010). É nesse contexto que os autores legitimam a construção do Atendimento Educacional Especializado[1] (AEE), tendo como função “[...] organizar o trabalho complementar para a classe comum, com vistas à autonomia e à independência social, afetiva, cognitiva e línguistica da pessoa com surdez na escola e fora dela. Sendo assim, para consolidação.
Buscando respaldo em Damázio (2005 apud Damázio e Ferreira, 2010), o trabalho do AEE para as pessoas com surdez envolve três momentos pedagógicos.
 1 –  AEE em Libras;
 2 – AEE para o ensino da Língua Portuguesa
 3 – AEE para o ensino de Libras.



                  A prática pedagógica do AEE parte dos contextos de aprendizagem definidos pelo professor da sala comum, que realizando pesquisas sobre o assunto a ser estudado e elabora um plano de trabalho envolvendo os conteúdos curriculares.
O AEE promove o acesso dos alunos com surdez ao conhecimento escolar em duas línguas: em Libras e em Língua Portuguesa, a participação ativa nas aulas e o desenvolvimento do seu potencial cognitivo, afetivo, social e linguístico, com os demais colegas da escola comum.
O AEE em três momentos visa oferece a esse alunos a oportunidade de demonstrarem se o beneficiar de ambientes inclusivos de aprendizagem.
O AEE deve ser planejado com base na avaliação do conhecimento que o aluno tem a respeito das libras e realizado de acordo com o estágio de desenvolvimento da língua em que o aluno se encontra.

[1] AEE