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domingo, 20 de abril de 2014

A SURDOCEGUEIRA E A DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA, EM SUAS DIFERENÇAS, NECESSIDADES BÁSICAS E ESTRATÉGIAS PARA AQUISIÇÃO DA COMUNICAÇÃO


A surdocegueira é uma terminologia adotada mundialmente para se referir a pessoas que tem perdas visuais e auditivas concomitantes em graus diferentes. Portanto a Lei 7.853, de 24 de outubro de 1989 define como “Deficiência múltipla – a associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiências primárias (intelectual / visual / auditiva / física), com comprometimentos que acarretam consequências no seu desenvolvimento global e na sua capacidade adaptativa”. “Considera-se uma criança com deficiência múltipla sensorial aquela que apresenta deficiência visual ou auditiva, associada a outras condições de comportamento e comprometimentos, sejam elas na área física, intelectual ou emocional, e dificuldades de aprendizagem.” (MEC/SEESP/2006).  
A surdocegueira é uma deficiência única em que o individuo apresenta ao mesmo tempo perda da visão e da audição. É considerado surdocego a pessoa que apresenta essas duas limitações independente do grau das perdas auditiva e visual. A surdocegueira pode ser congênita ou adquirida, não é deficiência múltipla. De acordo com o fascículo (AEE-DM) elas estão divididas em quatro categorias: Pessoas que eram cegas e se tornaram surdas, que eram surdos e se tornaram cegas, pessoas que se tornaram surdocegas antes de terem aprendido alguma linguagem individual, e pessoas que nasceram surdocegos, que tem resíduo visual que permite orientar-se pela luz, facilitando a mobilidade e com apoio de alto contraste é possível ter percepção de objetos, pessoas e escrita ou símbolos. Demonstram dificuldade em observar, compreender e imitar o comportamento de membros da família ou de outros que venha entrar em contato, devido á combinação das perdas visuais e auditivas que apresentam.
Já a Deficiência múltipla é quando uma pessoa apresenta mais de uma deficiência, é uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando associações diversas que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social”. Buscando respaldo e baseado no fascículo (AEE- DMU). As pessoas com deficiência múltipla apresentam características específicas e peculiares, com necessidades únicas.  Não apresentam necessariamente os mesmos tipos de deficiência, podem apresentar cegueira e deficiência mental; deficiência auditiva e deficiência mental; deficiência auditiva e autismo e outros.  Por isso, faz-se necessário dar atenção a dois aspectos importantes: a comunicação e o posicionamento. As principais necessidades dos surdocegos e das pessoas com DMU se concentram em disponibilizarmos mecanismos e recursos em busca de favorecer a aprendizagem  da leitura, em registro simbólico, gestual, verbal entre outros; As Deficiências Múltiplas, são os quadros em que o indivíduo apresenta deficiências associadas, sendo duas ou mais e é um quadro bastante frequente entre alunos que tem quadros mais graves, mais acentuados e cujos comprometimentos tendem a ser intensos, especialmente no que se refere ao seu acesso educacional e progressão (MEC, 2002).
Ao analisarmos e refletirmos no que se diferenciam esses dois conceitos, vemos que enquanto a surdocegueira é a ocorrência concomitante da perda parcial ou total da audição e da visão e a abrangência desses comprometimentos, a Deficiência Múltipla é um quadro plural, de mesma forma, mas que não se refere unicamente a dois quadros (podendo apresentar mais) e que é ancorada em uma tríade de comprometimentos concomitantes, a saber, físicos, mentais e sensoriais.
Com relação as necessidades básicas desses alunos que apresentam surdocegueira ou deficiência múltipla, são semelhantes. Pois com o aluno surdocego, o que existe é uma grande necessidade de desenvolvimento de estratégias de interação com o meio, para que o aluno possa desenvolver mais eficientemente o aprendizado e especialmente, seu potencial de comunicação, especialmente se for uma condição anterior a aquisição da fala, bem como suas estruturações de percepção de mundo, para que possam se alocar e organizar dentro de um ambiente cheio de estímulos aos quais muitos deles não podem compreender, ajustando-se ao ambiente externo. Enquanto que nos casos de Deficiência Múltiplas podem ser divididas em: necessidades físicas e médicas, necessidades emocionais e necessidades educativas, sendo assim há a necessidade de uma maior Tecnologia Assistiva, no sentido de suprir as suas necessidades da tríade física, mental e sensorial, oportunizando a construção de esquemas de compensação que permitam o seu aprendizado. Sendo que ambas demandam estudo intenso, e o surdocego requer amplo suporte didático, metodológico e multidisciplinar, ao passo que os que possuem surdocegueira têm maior necessidade de adaptações (embora também exista essa necessidade, para garantia de uma boa equiparação de aprendizagem). De modo semelhante, requerem suporte para que possam se inserir e se comunicar sem o uso da linguagem oral ou com adaptações da mesma, por meio de gestos manuais, faciais, corporais, fotografias, símbolos, qualquer tipo de recurso que venha a nivelar a sua necessidade de modo temporário ou definitivo, permitindo a sua interação com o meio e suprindo as suas necessidades.
Em ambos os casos as estratégias a serem utilizadas para a aquisição da comunicação precisam e devem ser metodologicamente diferenciadas para o desenvolvimento da comunicação e sua aquisição são associadas as tecnologias assistivas e de comunicação alternativa. Esses são recursos nos quais o professor interfere para permitir a comunicação, o aprendizado e também o progresso acadêmico e suas atividades gerais, com adaptações ou modelagens próprias metodológicas, didáticas ou de qualquer natureza. São recursos que também servem para a inserção educacional do aluno em jogos e brincadeiras complementares e que, por essa razão, servem diretamente não apenas para o aprendizado, mas para a contextualização social da criança. São estratégias que variam conforme os casos e o grau de comprometimento apresentado, realizar pontes de aprendizado para o desenvolvimento do educando e superação e mediação de seus problemas tanto de comunicação quanto de aquisição do conhecimento. Também é importante que percebam e construam um meio de comunicação buscando recorrer a estratégias, onde o foco está na metodologia mais acessível para que o aluno se faça ser compreendido, sendo com a através de gestos, figuras em alto relevo ou em tinta, ficha de comunicação e alternativa, etc.


Um comentário:

  1. Excelente aprofundamento teórico, você extraiu a verdadeira essência do aporte teórico de Maia, Bosco e outros colaboradores, pois são esses aspectos teóricos e metodológicos que nos impulsionam a atender as especificidades das pessoas com
    DMU.
    Parabéns!
    Ana Wilma

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