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sábado, 19 de julho de 2014

Relacionando o AEE com o texto “O modelo dos modelos” do autor Italo Calvino

Ao realizar a leitura do texto frisado acima, temos a oportunidade de refletirmos sobre a nossa vida diária, profissional e em especial sobre a Inclusão Escolar e o Atendimento Educacional Especializado realizado nas escolas brasileiras. Percebemos que de inicio seu Palomar acreditava que por meio de modelos resolveria tudo, percebendo a partir de cada construção que precisaria partir de vários modelos para realizar modificações e que estes eram transformáveis (Talvez tenha sido esta a forma que Palomar aprendeu na construção de sua educação e do seu fazer). Palomar segue e evolui no conhecimento percebendo que não podia seguir um modelo tão delimitado em suas ações. Observamos que também no trabalho do AEE, faz-se necessário aprofundar os nossos conhecimentos, sempre dando importância para o enriquecimento dos mesmos, através da formação continuada.
Percebemos também que o autor traz a ideia inicial de métodos transparentes, diáfanos e sutis como teias é só o ponto de partida até que os próprios modelos se dissolvam, pois o pesquisador e em nosso caso o professor-pesquisador do AEE, vai perceber que nada do que já tem pronto se encaixa. Ele precisa “dissolver-se a se próprio”, indo além do que é visto para o que pode ser oferecido pelo aluno e através da mediação adequada ao aluno, o que acontecerá a partir de nossas buscas, pesquisas, estudos, bem como da nossa prática onde será necessário tentar, uma, duas, três, quantas vezes for necessário, pois o modelo pode não se encaixar, pode ser até decepcionante quando o modelo não servir. Então é preciso abrir a mente para ir além, olhar além da realidade imediata até porque a realidade imediata em que vivemos é complexa e envolvida por outros segmentos: família, especialistas, escola, amigos, as condições sociais econômicas e culturais, os cuidados, a aceitação do diferente, entre outros.
O autor vem demonstrar através do seu texto que não existe modelo ideal, pois seus elementos não são perfeitos. A harmonia não existe, pois somos frutos ainda de uma cultura de exclusão das deficiências/dos deficientes e estamos inseridos em uma realidade que é mutável, cíclica. Nas Salas de Recursos Multifuncionais, quando realizamos o desenvolvimento do AEE também não lidamos com o perfeito, mas temos que partir das possibilidades e das necessidades do indivíduo e não somente do seu diagnóstico clinico; e assim como o texto a inclusão veio romper com os paradigmas que serviam de suporte para o conservadorismo das escolas, negando os fundamentos que norteavam os sistemas educacionais, questionando a fixação de modelos ideais, a normalização de perfis específicos de alunos e a escolha de alunos por meio de seleção para frequentar as escolas, gerando, com isso, identidades e diferenças, inserção e/ou exclusão.
E enquanto escola e educadores não podemos esquecer que antes de olhar as partes devemos compreender o todo; antes de enxergar a deficiência, devemos adquirir mais informações sobre as pessoas com deficiências e antes de apontar o que o outro não pode fazer devemos perguntar o que ele tem a oferecer e assim estaremos rompendo com os modelos que têm como princípios a homogeneidade e não a heterogeneidade, devemos pensar no Plano de AEE “PARA” e “COM” o aluno, desenvolvendo sempre suas habilidades, competências e possibilidades, onde possamos formular a partir  dos sim, dos não, e dos mas, vendo que cada aluno terá uma forma de evolução, de aprendizagem e de comportamento diferente , e que por estes motivos faz-se necessário que o plano de AEE seja individualizado.
A educação deve sempre ser vista como a mola mestra de uma sociedade, e em especial quando nos referimos a educação inclusiva, na qual os alunos não podem ser vistos como modelos padronizados, pois os mesmos constroem o seu próprio conhecimento partindo de suas capacidades, limitações e potencialidades sem perder o direito de expressar suas ideias, de dar sua opinião e que todos possam crescerem apesar de suas diferenças. E, para que se efetive na prática, principalmente no cotidiano do AEE, devemos eliminar a padronização de modelos, adotando a singularidade do indivíduo como ponto de partida para um trabalho pedagógico inclusivo construtivo de fato e de direito. O que não é fácil tendo em vista que acontecerá nas escolas a quebra de modelos, de paradigmas, principalmente na educação inclusiva, pois, algumas concepções, paradigmas, modelos estão enraizados e que oferecem resistências a mudanças, mas com persistência e determinação se poderá alcançar  êxitos para educador e educandos. Sendo assim e de acordo com o texto a única proposta para Palomar e para todos nós educadores é apagar da mente os modelos e os modelos dos modelos, e seguirmos em frente percebendo que em nossas ações não existem padrões, nem homogeneidade, e que precisamos deixar para trás os conhecimentos engessados e padronizados, onde resgataremos os princípios que valorizam o ser humano acima de tudo, porque sabemos que é o que levará o aluno ao seu pleno desenvolvimento.

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